sábado, 28 de abril de 2007

Estranha leveza

Hoje acordei leve como uma folha em branco. Em branco porque não havia nem o peso das palavras (que geralmente pesam muito).

Estranha leveza para quem, na noite anterior, estava angustiado por assuntos pendentes, sufocado por demandas crescentes e aflito por soluções urgentes.

Como explicar tamanha tranquilidade de quem está comprimido pela pressão intrinsicamente diluída no cotidiano?

Provavelmente porque pertubações individuais e sociais se resolveram como a noite se resolve em dia. Mas não!!! Geralmente, as equações da vida não se resolvem instantaneamente, mas em um processo gradativo de investimentos, renúncias, decisões e esperas.

Então, a referida paz de espírito seria uma ilusão? Uma simulação mental que gera fuga da realidade?

A realidade é que as situações adversas e incertas permanecem, mas não mais produzem apreensão. Isso porque confio no zelo de Deus por minha vida. É como saber que acima das nuvens escuras o sol continua radiante, que após a tempestade, sempre vem a bonança.

Mas não seria melhor se não houvesse tempestade? Não evitaria tormenta? Porém, esquecemos que a chuva tem que regar a terra e encher os reservatórios e que a fúria do mar aprimora as habilidades dos navegadores.

Nós também temos que crescer. Quem não quer dar orgulho aos pais? Quem não quer ser um amigo agradável e divertido; um irmão compreensivo e motivador; um membro edificante da igreja; um porto seguro e carinhoso para a namorada; um eficiente e próspero trabalhador?????

Podemos ser, apesar da fragilidade financeira, do descompasso nas relacionamentos, da ociosidade ou sobrecarga, se soubermos que o processo é gradativo e requer sábios investimentos, renúncias, decisões, esforços e esperas.

Assim, devemos tomar o remo nas mãos, encarar cada problema (sem fugir) com mansidão e sabedoria, da forma com que a vida nos possibilita.

Possibilidades, caminhos e soluções não surgem juntos com o amanhecer. Mas há um renovo que nos dá percepção, forças, e iniciativa para agir. Esse renovo sim...(e não é mero descanso físico e mental)nasce em nós sempre que a manhã anuncia o novo dia.

Como é bom e real saber que acima das incertezas circunstanciais, o sol continua radiante e virá com a bonança. Saber disso deixa a vida leve e essa estranha leveza passa a ser comum a quem sabe em quem está sua confiança.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Em busca de (o) propósito

Pra que serve um relógio, senão para registrar e informar as horas? Pra que serve um martelo, senão para cravar pregos ou quebrar algo? Pra que? E se o relógio fosse usado para pregar; ou o martelo para marcar as horas? Como é inútil sair (ou fugir) do propósito para o qual fomos originados!

Sabemos, ou um dia descobriremos, que recebemos dons e talentos que devem ser usados para um fim proveitoso. Geralmente estão relacionados com nossas habilidades mais aguçadas: falar eloqüente, cantar afinado, artesanato minucioso...
Quem nunca ouviu que deve fazer o gosta e gostar do que faz? Isso faz sentido! Mas será que o fim principal de nosso trabalho é a satisfação e os benefícios que obtenho com as tarefas que realizo?

Percebo que a pluralidade de profissões e ofícios torna a sociedade mais solidária, uma vez que ninguém realiza tudo que precisa, e, assim, todos carecem de serviços e produtos oferecidos por outros, conforme a necessidade e conveniência. Assim, podemos ser úteis uns aos outros. Mas tal constatação ainda não é suficiente para me aquietar, mesmo sabendo que podemos ser úteis a outras pessoas.

Essas dúvidas e buscas me assediam nesse (meu) momento em que conclui um curso superior.

Ideais e sonhos profissionais se confrontam com a falta de recursos e de emprego, desigualdade e exclusão sociais. Até aqui, nenhuma novidade! Mas sei que fui criado com um propósito determinado pelo autor da minha vida, pra que eu o buscasse com meus passos e o cumprisse (parece Matrix, mas é algo mais complexo ainda...rs). Às vezes, preferiria permanecer na ignorância e deixar a vida rolar a ser assolado por tantas dúvidas que o conhecimento nos sugere de modo provocante.

Porém, sem desfalecer, continuo minha busca pelo propósito da minha vida. Mesmo sendo simples e pequeno aos nossos olhos, tenho o firme objetivo de descobri-lo e cumpri-lo. E qual pergunta fazer senão: como eu posso conhecê-lo?
Idéias, vontades e frustrações não faltam em minha mente e coração nesse momento de realização (formatura).

As mais variadas e legítimas possibilidades profissionais, embora distantes (ou não), bombardeiam meus planos: desde a iniciativa privada da economia paulista até a estabilidade de um cargo público em uma pequena cidade, passando pela hipótese de permanecer na boa e velha Juiz de Fora...todas me atraem. Muitos caminhos, mapas, ventos e fumaças tentam me desviar ou direcionar para o propósito da minha vida.

Entre tantas sombras, a maior e reluzente convicção se fixa, dissipando toda escuridão: Deus há de cumprir o propósito que determinou para minha simples, vaidosa, acomodada e sedenta vida. E, apesar de mim, SEI que há de cumpri-lo.

Realmente, não conheço os detalhes de meu futuro, o que me deixaria inseguro se não fosse a crescente certeza e convicção (também chamadas de “fé”) de que meu futuro está guardado e determinado e é bom, perfeito e agradável.

Não terei utilidade nenhuma, por mais gloriosas que sejam minhas realizações, se eu não for ao encontro do futuro, que já começou e me foi proposto nesse Reino. Como conhecê-lo? Vou seguindo...buscando, pois ouço cada vez mais a voz dAquele que o determinou e é o maior interessado em me revelá-lo.

Thiago Barbosa Nunes

Deus, leva-nos onde podemos ouvir tua voz!